quarta-feira, 10 de agosto de 2011

PARTE V: UMBANDA 2

Caboclo
No culto de Umbanda, Oxossy é o chefe da linha de caboclos. O caboclo é a imagem do indígena nativo de nossa terra e quando incorporado, presta caridade, dá passes, canta, dança e anda de um lado para outro em lembranças aos tempos de aldeia.
Conhecedores de muitas ervas, os caboclos têm um papel muito importante: os remédios de ervas e amacis, em que amacis são mistura de ervas que maceradas servem para o fortalecimento do filho-de-santo.
Já os remédios de ervas são plantas ou ervas que combinadas ou sozinhas servem para aliviar ou até mesmo curar doenças.
Nisso tudo os caboclos têm participação muito especial e são encarados e interpretados pelo povo como uma entidade que veio ajudar e aliviar as pessoas dos seus problemas.
Cito aqui alguns nomes de caboclos:

*Caboclo 7 Estrelas
*Caboclo 7 Flexas
*Caboclo Guará
*Cabocla Jurema
*Cabocla Jandirá
*Caboclo Pena Branca

 
·  Boiadeiro
Dentre muitos caboclos que baixam em vários terreiros, o Caboclo Boiadeiro tem sempre uma participação especial nas seções de caboclo.
Boiadeiro é muito respeitado e aplaudido por trazer de volta ao nosso convívio toda a sua experiência adquirida em tempos de boiada, do sertão bravio, do homem responsável pela conduta da boiada do seu patrão.
De um modo geral, Boiadeiro usa um chapéu de couro com abas largas (para proteger-lhe do sol forte), calças arregaçadas e movimenta-se muito rápido. Um pequeno cântaro para carregar água, tão importante para a viagem. O chicote que usa para açoitar as rez feroz. A corda, usada para laçar o boi brabo, ou para pegar aquele que se afasta da boiada, ou ainda usada para derrubar o boi para abate. Boiadeiro, na verdade, traz toda uma soma de sabedoria acumulada dessas viagens e vivências do campo. Na verdade, estamos descrevendo uma maravilhosa entidade de muita luz e muita força.
Abaixo, encontra-se a Oração ao Caboclo:

Salve meu Pai Oxossy
Salve toda sua Macaia
Salve todo o Juremá
Saravá meu Caboclo Norikuá
Caboclo Valente
Que tem me amparado
Nesta jornada terrena
Obrigado, Caboclo!
Por me guiares pelo caminho do Bem.
Caboclo que pela graça de Oxalá
Brilha na seara de Umbanda
Okê-Caboclo! Podedete Acotera Didian
Saravá Seu Norikuá!
Oração à Cabocla Jurema
Juremá, Linda Cabocla de Pena
Rainha da Macaiá
Ouve o meu Clamor.
Jurema me livra dos perigos e das maldades
Ô Cabocla, tu que és Rainha da folha
Nunca me deixe em falta
Que o teu bodoque seja sempre certeiro
Contra os que tentarem me destruir.
Jurema caminha comigo, ô Cabocla
E me ajuda nesta jornada da Terra.
Jurema que a sua força, junto com vosso Pai Caboclo Tupinambá
Me acompanhe hoje e sempre
Em nome de Zambi,
Salve a Cabocla Jurema!

Parabéns para todos que cultuam essa maravilhosa entidade!
Jetuá! Marrombaxeto!
·  Culto à Jurema & Sua Importância
O nome "Jurema" vem do tupi-guarani, onde Ju significa "espinho" e Remá, "cheiro ruim".
A jurema é uma planta da família da leguminosas. Os frutos das plantas leguminosas são vagens. Existem várias espécies de jurema, como por exemplo: Jureminha, Jurema Branca, Jurema Preta, Jurema da Pedra e Jurema Mirim.
Esta planta tem muita importância no culto espiritual dos caboclos e nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, tanto que dá nome a um culto chamado de "Culto à Jurema". Esse culto deve-se ao fato de que os nossos índios enterravam seus mortos junto a raiz da jurema. Daí passavam a cultuar esses mortos para que eles evoluíssem espiritualmente e habitassem o tronco da jurema ajudando a todos da tribo em suas necessidades.
No Nordeste, este culto recebeu outros nomes como: Toré, Curicurí Praiá e Juremado.
Mas, o culto de caboclo não ficou restrito apenas ao índio brasileiro. Os negros de origem banto incorporaram os caboclos aos seus cultos e passaram a chamar este culto de "Candomblé de Caboclo" ou "Samba de Caboclo".
Nos Juremados, o mestre utiliza-se de um maracá, espécie de chocalho e de um cachimbo feito às vezes de pinhão-roxo para soprar fumaça para à esquerda ou para a direita.
A jurema é utilizada para tomar banho de descarga com suas folhas. Serve como defumador para cura de dor de dente, doenças sexualmente transmissíveis, insônia, nervos, dores de cabeça. Faz ainda: figas, patuás, rosários. Utiliza-se para fazer rezas com suas folhas contra mau-olhado e olho-grande. Serve ainda para fazer um dos maiores fundamentos do Culto à Jurema, que é uma bebida à base de infusão das folhas da jurema, com casca do tronco e da raiz misturado com mel de abelha, garapa de cana-de-açúcar e cachaça. Essa é a bebida preferida dos Encantados que baixam no Toré e no Culto à Jurema.

PARTE VI: ASSUNTOS DIVERSOS

O CULTO VODU

A palavra vodu está associada com a cultura oriunda do Haiti e de outras ilhas. Entretanto, este culto possui uma enorme quantidade de iniciados nos Estados Unidos, desde os tempos da escravidão negra em Nova Orleans.
O vodu chegou à América do Norte, vindo do antigo Dahomé para as Antilhas, há mais ou menos duzentos anos. Sua difusão ocorreu de forma rápida, espalhando seus bonecos e alfinetes, seus medos e assombrações. Foi por este motivo que as autoridades norte-americanas proibiram a importação de escravos das Antilhas, alegando que poriam em perigo a vida das pessoas nas cidades norte-americanas.
Apesar disso, a seita vodu alastrou-se pelos Estados Unidos mesmo com a proibição feita aos escravos de se reunirem para praticar a sua religião. Ocultos nas matas, os negros do antigo Dahomé faziam seus toques festivos aos loas e as suas representações. Porém, com o passar do tempo, as proibições foram ficando cada vez mais brandas e eles foram organizando o culto. A cidade escolhida foi Nova Orleans onde há a Casa do Vodu Maior, fundada por volta de 1803.
Toda a cerimônia vodu possui um rei e uma rainha, uma mãe e um pai, sendo que à rainha cabe o poder maior; mostrando, desta forma, que o vodu é um culto matriarcal. Para fazer o vodu, acendem-se fogueiras e um toque de tambor anima a cerimônia. No momento do êxtase dos participantes, a mãe tira uma cobra de um cesto e faz com que o animal lamba sua face. Esta cobra é Dambalá, a serpente sagrada do Dahomé; ou grande vodu, que dá aos seus filhos o poder de ver além da realidade, de se transformar em um bicho ou uma planta, além de todos os poderes mágicos que um voduno, que é sacerdote do culto possui.
Segundo um dos mitos vodu, os primeiros homens nasceram cegos e foi a serpente Dambalá quem deu a visão à raça humana.
Para este Deus e outros do mundo mágico dos vodus oferecem-se caldeirões com água fervendo onde são colocadas várias coisas e sempre uma enorme cobra. Com olhos arregalados, observando tudo, os vodunos gritam: “Ele está chegando, o grande Zumbi vem aí. Ele vem fazer os gris-gris (que são os despachos vodu)”.
Os iniciados, vestidos apenas com tangas vermelhas, saltam no meio do terreiro, carregando na mão um objeto que colocam aos pés da sacerdotisa e dançam mais alucinados. Rodam em volta da fogueira até caírem exaustos. Nisso os outros fiéis começam a dançar, bebem do caldeirão e tomam canecas cheias de tafiá, que é uma porção com infusão de várias ervas e também aguardente. A partir desse momento, todos entram em transe.
Conforme as crenças vodu, o homem ao abandonar a Terra, vai para uma região povoada de loas. Os loas podem ser classificados de diversas formas: pelo nome dos espíritos, pelo elemento da natureza que lhes serve de domínio, pelo culto que lhes é dedicado ou por sua origem africana ou haitiana.
De acordo com os seus domínios, há loas do ar, da água, do fogo e da terra. Sendo que enquanto os do ar e da água são mais benéficos, os do fogo estão ligados à bruxaria e os da terra, à morte. Por outro lado, quanto aos cultos, há três cultos principais: rada, congo e petro.
Como já foi explicado anteriormente, no culto vodu a pessoa pode ser transformada num animal ou planta. As pessoas devem ser desprendidas dos bens materiais. Estes são dois mandamentos do credo vodu. O vodu é uma religião existencial completa, segundo os etnólogos. Já é tempo de caírem os tabus e superstições em torno deste culto. O vodu é constituído de heranças africanas do Dahomé (hoje, atual República do Benin) e misturadas as influências católicas, tendo sofrido transformações em contato com os nativos do Haiti. No vodu, o Deus se encontra no sétimo céu. Olha de lá a sua criação, que é o nosso mundo e os loas é que dão assistência aos seres humanos mediante as trocas e oferendas.
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Próximo Capítulo: Feitiços, Ebós, Mandingas, Magias, Oferendas, Patuás, Despachos e Trabalhos: O que são??? Para que servem?

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