domingo, 8 de maio de 2011

Iansa

Nenhum vento poderá desviar a minha barca, nenhum raio mudará o meu caminho...






Oiá e Iansã (entre os Nagôs), Sobô (jejes), Matamba (angolas), Nunvurucoma buva (congos), Bamburucema (bantos em geral. Divindade do Rio Oiá (Niger).


Senhora da Tarde, Dona dos Espíritos, Carregadeira de Ebó, Senhora dos Ventos, Raios e das Tempestades. Esses e alguns outros são os nomes desta grande Obirinxá (Orixá fêmea). Rainha dos raios, dos ciclones, furacões, tufões, vendavais, é um orixá do fogo, guerreira e poderosa. Ela é a Mãe dos eguns (espíritos dos mortos), guia dos espíritos desencarnados, deusa dos cemitérios. É ela que servirá de guia, ao lado d e Obaluaiê, para aquele espírito que se desprendeu do corpo. É ela que indicará o caminho a ser percorrido por aquela alma. Comanda a falange dos Boiadeiros. Oiá relaciona-se com todos os elementos da natureza. A água, sob a forma de chuva, de tempestade. O ar, sob a forma do vento da tempestade, que arranca árvores, derruba casas. No seu aspécto benéfico, foi o ar de Iansã que espalhou as plantas medicinais, anteriormente guardadas pro OSSAIN numa cabaça. Ligada a floresta, ela se transorma num búfalo, cervo ou elefante. Propicia a caça abundante. Mas sua essência é o movimento e o fogo, é o Orixá do raio. Esta relação com o movimento e o fogo faz de Iansã uma divindidade do sexo e do amor. Ela é rainha por ser a predileta de Xangô. E por ser mãe e rainha dos EGUNS, é o único orixá que não tem medo dos mortos. Seu número é o nove, produto de 3 x 3 - o par Inicial mais um, indicando continuação -- puro movimento. Ela usa uma espada de cobre e um "espanta moscas"- o eruexim -, com o qual mantém os Eguns afastados.


Oiá, filha de Iemanjá com Oxala é mais conhecida no Brasil como Iansã, foi uma princesa real na cidade de Irá, na Nigéria, em 1450 a. C. Sobrinha-neta do rei Elempe, e neta de Torôssi (mãe de Xangô), conquistou com valentia, coragem e dedicação seu caminho para o trono de Oió.


Conhecedora de todos os meandros da magia encantada, Oiá nunca se deixou abater por guerras, problemas ou disputas. Nobre guerreira, jamais tripudiou sobre inimigos e rivais vencidos.


Oiá foi a primeira e a mais fiel das três mulheres de Xangô – que era seu primo – e ajudou-o a conquistar os reinos que foram anexados ao império ioruba. Porém quando ele tentou invadir Nupe e Tapa, onde Oiá havia nascido, ela o abandonou e postou-se na entrada daquelas cidades disposta a enfrentá-lo. Como nem mesmo Xangô ousou desafiá-la, ninguém passou. Oiá é a menina dos olhos de Oxalá, seu protetor, a única divindade que entra no Ibalé de Egum (mortos), por seu poder e omnisciência. Oiá foi a primeira entidade feminina a surgir nos cultos negros. Quando Xangô morreu, antes de se transformar num orixá, sua mulher chorou tão copiosamente que as lágrimas formaram o grande rio Oiá (Niger) do qual ela se tornaria deusa.


Como foi relatado atrás, Oiá era antes mulher de Ogun, encarregando-se de acionar o fole que atiçava o fogo da forja. Seduzida por Xangô, Oiá fugiu com ele. Ogun perseguiu os fugitivos e, quando tocou Oiá com sua vara mágica de ferro, ela foi dividida em nove partes e recebeu o nome de Iansã, "a mãe (transformada em) novo".


Embora tenha sido esposa de Xangô, Oia percorreu vários reinos. Foi paixão de Ogum, Oxaguian, Exu. Conviveu e seduziu Oxóssi, Logun-Edé e tentou, em vão, relacionar-se com Obaluaiê. Em Ifê, terra de Ogum, foi a grande paixão do guerreiro. Aprendeu com ele e ganhou o direito do manuseio da espada. Em Oxogbo, terra de Oxaguian, aprendeu e recebeu o direito de usar o escudo.


Deparou-se com Exu nas estradas, com ele se relacionou e aprendeu os mistérios do fogo e da magia. No reino de Oxóssi, seduziu o deus da caça; aprendendo a caçar, tirar a pele do búfalo e se transformar naquele animal com a ajuda da magia aprendida com Exu. Seduziu o jovem Logun-Edé e com ele aprendeu a pescar.


Oiá partiu, então, para o reino de Obaluaiê, pois queria descobrir seus mistérios e até mesmo conhecer seu rosto, mas nada conseguiu pela sedução. Porém, Obaluaiê resolveu ensinar-lhe a tratar dos mortos. De início, Oiá relutou, mas seu desejo de aprender foi mais forte, aprendeu a conviver com os eguns e controlá-los. Partiu, então, para Oió, reino de Xangô, e lá acreditava que teria o mais vaidoso dos reis, e aprenderia a viver ricamente. Mas, ao chegar ao reino do deus do trovão, Oiá aprendeu muito mais. Aprendeu a amar verdadeiramente e com uma paixão violenta, pois Xangô dividiu com ela os poderes do raio e deu a ela o seu coração. O fogo é o elemento básico de Oiá. O fogo das paixões, da alegria, o fogo que queima. E aqueles que dão uma conotação de vulgaridade a essa belíssima e importantíssima divindade africana, são dignos de pena e mais dignos ainda, do perdão de Oiá-Iansã.


Recebendo de Xangô, para guardar, o restante do poderoso alimento mágico dado por Oxalá, Iansã também comeu dele e, como o marido, passou a expelir labaredas pela boca, quando falava. Este mito une Iansã e Xangô, fazendo dela também um orixá do fogo.


Altiva, dinâmica, implacável, Iansã participa dos combates, ao lado do turbulento marido. Manifestada no candomblé, usa uma espécie de turbante enfeitado, com uma franja de contas sobre o rosto e, na parte posterior, uma fita larga que pende de um laçarote. Uma grande faixa (ojá) termina atada na frente, sobre o busto. Iansã dança marcialmente, o alfange em punho e, quando cruz com Ogun terça armas com ele, como num bailado de pirrica. Na outra mão, Iansã leva o eruexim, espanador feito com pêlos de rabo de cavalo, que serve para varrer as almas do mortos.


Além do alfange e do eruexim, são símbolos da deusa os chifres de búfalo. Conta um mito etiológico que Ogun, caçando na floresta, ia matar um búfalo, quando o animal retirou a pele e surgiu uma linda mulher. Era Oiá-Iansã. Ogun apaixona-se por ela, acaba se casando e têm nove filhos. As outras mulheres de Ogun, enciumadas, descobrem o segredo e começa a ridicularizar a deusa. Este veste a pele, assume outra vez a forma de búfalo e mata as mulheres ciumentas. Depois deixa os chifres com os filhos, dizendo: "Quando necessitarem, batam um chifre contra o outro e eu virei socorrê-los". É por essa razão que os chifres de búfalo estão sempre nos lugares consagrados a Oiá-Iansã.






Emblemas e Armas de Oiá.










Senhora do fogo, dos raios e da guerra, é ela quem traz as tempestades e a ventania para varrer a maldade humana da face da Terra. Iansã andava pelo mundo se aventurado, onde quer que ela soubesse haver algo impossível para se fazer, lá estava ela se propondo a obter mais uma conquista.


Filha de Afefé com Iroco e irmã gêmea de Obá, Iansã é aquela que gosta de participar de tudo, é vingativa com aqueles que não sabem respeitá-la, porém não mede esforços para agradar quem a reverencia.


Protetora dos bombeiros e todas as mulheres guerreiras.


Iyá-mesan-òrun , seu Oríki, "mãe dos nove órun", Yásan.






Conhecida no Brasil como Yansã, cujo nome advém de algumas formas prováveis: Oyamésàn - nove Oyas; usado como um dos nomes de Oya
Ìyá omo mésàn, mãe de nove crianças, Iansã , que da lenda da criação da roupa de Egúngún por Oyá.
Ìyámésàn "a mãe (transformada em) nove", que vem da história de Ifá, da sua relação com Ogun.
Observe-se que em todas as formas, está relacionada com o número 9, indicativo principal do seu odú. 
Está associada ao ar, ao vento, a tempestade, ao relâmpago/raio (ar+movimento e fogo) e aos ancestrais (eguns). Na Nigéria ela é a deusa do rio Niger. Principal esposa de Xangô, impetuoso, guerreira e de forte personalidade, também rainha dos espíritos dos mortos, sendo reverenciada no culto dos eguns. Em yorubá, chama-se Odò Oya. 
Diz uma das lendas que Oya lamentava-se de não ter filhos, uma situação conseqüente da sua ignorância a respeito das suas proibições alimentares. Embora lhe fosse recomendado comer cabra, ela comia carneiro. Foi consultar um babalaô, que informou seu erro, lhe aconselhando a fazer oferendas, entra as quais deveria haver um tecido vermelho. Este pano, mais tarde, haveria de servir para confeccionar as vestimentas dos Egúngún. Tendo cumprido essa obrigação, Oya tornou-se mãe de nove crianças.
Suas contas são vermelhas ou tijolo, o coral por excelência, o monjoló (uma espécie de conta africana, oriunda de lava vulcânica). Seus símbolos são: os chifres de búfalo, um alfanje, adaga, eruesin[eruexin] (confeccionado com pelos de rabo de cavalo, encravados em um cabo de cobre, utilizado para "espantar os eguns"). 
Afefe, o vento, a tempestade, acompanha Oya.







QUALIDADES:




1) Oya Biniká;


2) " Seno;


3) " Abomi
4) " Gunán
5) " Bagán 
6) " Onìrá
7) " Kodun
8) " Maganbelle
9) " Yapopo
10) " Onisoni
11) " Bagbure
12) " Tope
13) " Filiaba
14) " Semi
15) " Sinsirá
16) " Sire
17) " Gbale ou Igbale (aquela que retorna à terra) se subdividem em:
a) Oya Funán
b) " Fure
c) " Guere
d) " Toningbe
e) " Fakarebo
f) " De
g) " Min
h) " Lario
i) " Adagangbará
Essas Oya, estão ligadas ao culto dos mortos, quando dançam parecem expulsar as almas errantes com seus braços. Tem forte fundamento com Omulu , Ogun e Exú.






A VITÓRIA CONTRA OS EGUNS








Divindade ctoniana, Iansã tem ligações com o mundo subterrâneo, onde habitam os mortos, sendo o único orixá capaz de enfrentar os eguns. Entre as dezessete individuações da multifária Iansã, uma delas é como deusa dos cemitérios.


O sacerdote dos eguns, o babalogê, só consegue ligação com o reino dos defuntos mediante a interferência de Iansã. Quando, no candomblé funerário de Itaparica, o chão é fustigado com o ixã, o chicote listado de branco, é para trazer os mortos para a superfície da terra, onde Iansã os aguarda. Iansã, porém, não guia os eguns, não conduz as almas: isso é tarefa de Exu, o psychopompos. A relação de Iansã é de luta. Ela combate os eguns e sempre vence, assegurando, assim, a supremacia dos orixás sobre o universo e os seres de qualquer natureza.


Além do contato com os mortos, Iansã também favorece a fecundidade, atributo inerente aos deuses ctonianos. Deusa das tempestades, contribui para a fertilidade do solo. Divindade eólica, sopram os ventos que afastam as nuvens, para a passagem dos raios desferidos por Xangô. E é o raio que abre os reservatórios do céu, para fazer cair a chuva, relação comum em todas as mitologias. Num mural descoberto em Tepantitla, no México, aparece, em seu império líquido, o deus da chuva Tlaloc, com o raio que engendra os cogumelos sagrados, que brotam da terra-mãe.






REGÊNCIAS






Atributos
O alfange, o eruexim e chifres de búfalo.











Dia
Quarta-feira, juntamente com Xangô.








Festa
4 de dezembro, dia de Santa Bárbara, com quem está identificada.








Cores
Ela usa a sua roupa de saia rodada nas cores de marrom-avermelhado, um adê com lindos filás de contas na cabeça, colares de miçangas no pescoço. Usa também o vermelho e branco, branco com rosa, estampado com vermelho.








Colares: 
Contas grenás ou fio de coral ou miçangas marrons, banhado em água de verbena.








Sacrifícios
Cabra, galinha e galinha-d'angola (conquem).








Comidas rituais
Acarajé e abará. Detesta abóbora. Tem horror a carneiro.








Oferendas
Acarajé, ecuru, romã, oferecidos no mato.








Frutas
Manga rosa, uvas, pêra, maçã morango, melão laranja, banana, figo, ameixas, romã, grosselha, pêssego, pitanga, framboesa e cajá.








Bebidas
suco das ervas e dos frutos, além da água da chuva e champanha


Flores: São as que tenham a coloração coral de preferência e outras como a dracena, a papoula, rosas vermelhas e crisântemo, e o gerânio.








Folhas
Para-raio, louro, flor de coral, brinco de princesa, manga rosa, peregum(vermelho), pata de vaca, umbauba (vermelha), anis, língua de vaca, sensitiva, espada de Iansã (borda amarela), bambu, periquitinho, amoreira.








Quizília
folhas secas, lagartixa.








Força da natureza
Ossários, jardins, caminhos, cumes, vento.








Mineral
Coral e cobre ou prata.








Pedras
Rubi, coral, granada.








Perfumes
Verbena, drástico vermelho, violeta, madeira, Shoking de Skiaparelli.








Como usar
Passar no corpo alternadamente, às quartas e sextas-feiras.








Filhos famosos
Helena de Tróia, Joana D'Arc, Santa Bárbara. Anita Garibaldi.








Assentamento
Pedra do raio ou do fogo e búzios.








Símbolo
Rabo de cavalo e espada.








Saudação
Eparreyi (ÊPA-HEI! - o "H" é aspirado). A saudação EPA-HEI OYÁ quer dizer : Olá, jovial e alegre Oyá).









COMIDA DE SANTO






Material Necessário:


Pepinos; um prato de barro; azeite-de-dendê;folhas de louro; uma vela branca.


Como fazer:


Preparar uma salada de pepinos cortados em rodelas. Colocar no prato de barro. Ornar com as forlhas de louro. Regar com azeite-de-dendê. Acender a vela e oferecer ao Orixá.









IANSÃ NA UMBANDA






Iyabá das mais poderosas, Iansã, no entanto, goza de projeção inexpressiva na umbanda. Não é sequer dona de uma das 7 linhas dos santos umbandistas, aparecendo apenas, subsidiariamente, como cabeça da principal legião da "linha de Xangô". Alguns pontos cantado relembram, também nos terreiros, essa íntima ligação entre as duas divindades:


"Bateram na porta


Alguém me chamou


Era Xangô da lei maior


Na cangira de Iansã


Ialó da lei maior (bis)."


As oferendas para Iansã são deixadas no mesmo cenário que as de Xangô, local onde também se cumprem as "obrigações": uma pedreira, junto de uma cachoeira ou curso d'água encachoeirado.


As cores de Iansã variam, de acordo com os lugares e terreiros: cor-de-rosa ou coral ou branco ou amarelo. Os colares são de contas amarelas, mas também sofrem variações.


Palmas - folhas de uma palmeirinha - são levadas pelos católicos às igrejas e benzidas pelo sacerdote, em cerimônia que evoca o domingo em que Jesus entrou em Jerusalém e o povo agitava ramos, saudando festivamente. O povo liga a palma do Domingo de Ramos a Iansã-Santa Bárbara: queimada, durante as tempestades, protege dos raios.









CÂNTICOS






Oi, Iansã, menina dos cabelos loiros
Onde é a sua morada?
É na mina de ouro


Minha Santa Bárbara
Virgem da Coroa
Pelo amor de Deus, Santa Bárbara,
Não me deixe à toa
Minha Santa Bárbara
Virgem da Coroa
A Coroa é dela Xangô
É da pedra de ouro


Iansã tem um leque de penas
Pra abanar em dia de calor
Iansã tem um leque de penas
Pra abanar em dia de calor 
Iansã mora nas pedreiras
Eu quero ver meu pai Xangô
Iansã mora nas pedreiras
Eu quero ver meu pai Xangô




Santa guerreira que ao meu lado caminha
Com sua espada de ouro e sua taça na mão
És para mim toda beleza, venero sua beleza
Guardo-a em meu coração, quando ela roda
Sua saia irradia, Deusa da Ventania
É a Rainha Trovão com meu Pai Xangô
Iansã fez a morada, ela roda ua saia
No romper da madrugada
Eparrei Ioiá
Saravá Iansã, ela é Rainha, é Orixá

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